“O T-Rex e a Pedra Lascada” celebra ancestralidade e vínculos de afeto

De  Sumaida Zuccolotto
10 de abril de 2023 às 00h00.

Cena do filme.

Um grande quintal acolhedor se formou no terceiro dia de gravação da ficção “O T-Rex e a Pedra Lascada”, em João Neiva. Dezenas de crianças se sentaram em volta das rainhas para ouvir as histórias guardadas de geração em geração desde o início dos tempos no Condado da Lua. As anciãs despertaram a curiosidade e a vontade de se aventurar das pequenas Ganga, Tule e Dara. Afinal, qual poder inimaginável o antigo espírito dos grandes dinossauros poderia conceder?

Após o cansaço do sábado, segundo dia de filmagem, a manhã de domingo (19/03) chegou com um aperto maior de ansiedade e nervosismo. As gravações começariam na parte da manhã e prosseguiriam até o meio da noite, contando, numas das cenas, com a participação de grupo de cantadores e tocadores de congo. Era o dia reservado para a captação das cenas com maior número de atores, envolvendo crianças e idosos, numa mesma locação.

O domingo trouxe a presença e a potência das guardiãs das histórias e da cultura. Esse espectro feminino da mulher mais velha foi o primeiro a vir à mente do diretor antes mesmo da seleção da história pelo Curta Vitória a Minas II. “Quando me sentei de frente para o computador e comecei a escrever a história, no ano passado, as primeiras personagens que vieram à cabeça foram as minhas tias mais velhas, antigas participantes da congada. Meu avô era um negro aço que agitava muito o congo. Depois que ele faleceu, há uns 15 anos, essa manifestação esfriou na comunidade. Ao criar a história, imaginei o sol batendo nestas peles negras brilhantes e lindas”, relembra o diretor.

A oportunidade de reunir as tias Maria das Graças Damázio e Anali Damázio para interpretar as rainhas do Condado da Lua numa cena ao lado das crianças despertou muitas emoções no autor porque era um jeito de celebrar, enaltecer e dar visibilidade para as antigas e novas gerações. “Inicialmente, eu estava preocupado em fazer a cena da contação de histórias porque precisava coordenar muitas pessoas. Mas tudo fluiu com leveza. A minha tia Maria das Graças é uma contadora nata de histórias. Eu contei pra tia como funcionava o filme e ela me surpreendeu ao dar mais corpo para a história, ao acrescentar outros elementos à medida que ia desvendando a lenda e prendendo a atenção das crianças. Foi muito especial porque eu queria muito que minhas tias Graça e Anali tivessem esse momento de brilho delas no filme”, relata Luan.

Para o diretor, o set trouxe a alegria e a força do encontro ao juntar sua mãe, Adriana Damázio, e seus quatro irmãos, Maria das Graças Damázio, Anali Damázio, a tia Nalha, Luciana Damázio, a tia Ci, e Altemir José Damázio, o tio Mimo. “Foi emocionante mobilizar e reunir todos esses membros da família. Já estamos empolgados pra utilizar mais esse espaço da roça para promover outros encontros envolvendo os familiares e outros membros da comunidade. E motivos para nos reunimos não faltam. Depois que eles vieram e curtiram a experiência da gravação, vamos conseguir com mais facilidade mobilizar e manter esse contato a mais de um com o outro e de cada um com essa natureza desenhada por Deus”, comemora.

Luan conta que, além do cuidado e dedicação da equipe de profissionais do projeto, a produção local foi essencial para manter em funcionamento a engrenagem do set de filmagem como, por exemplo, na preparação das refeições e no deslocamento do elenco para locações tão distantes. Essa união de esforços o ajudou a se concentrar ainda mais na direção artística das cenas.

O encantamento

A atmosfera de beleza, ludicidade e encantamento permaneceu no último dia de gravação, na segunda-feira (20/03). Mais uma vez, a direção de arte escolheu adereços feitos de modo simples e orgânico, utilizando capim, flores e sementes. Tais elementos de cena se integraram ao ecossistema quase como se já estivessem lá desde sempre no meio da natureza.

A equipe improvisou uma grua para que a câmera pudesse executar um plano e um movimento numa das cenas de forte espiritualidade. A locação escolhida para abrigar a reza de proteção da santa das águas foi o oratório situado na estrada de acesso à zona rural de João Neiva. O artista cabo-verdiano Adérito Gonçalves Tavares Furtado, mais conhecido como Capineiro, moldou uma santa com capim e sementes. Ele veio do continente africano para um intercâmbio cultural, no Brasil, e acabou por compor a equipe de produção da ficção.  Aliás, capineiro é o ator escolhido pra interpretar o espírito guardião dos grandes dinossauros.

Tão mágico quanto contar uma história de aventura e fantasia é revelar a cidade para quem já a conhece. Segundo o diretor, o audiovisual tem a capacidade de capturar os espaços através de novas perspectivas, despertando, por exemplo, outros olhares para uma mesma paisagem. Alguns moradores da cidade, conta Luan, o procuraram durante as gravações para saber aonde eram aquelas cenas tão bonitas e expressivas divulgadas nas postagens sobre o filme nas redes sociais.

A proteção

“Estou muito feliz porque captamos uma natureza viva e diversa com aranhas, formigas, libélulas, folhas, correntezas, texturas de líquens, tudo exatamente como construí nas minhas memórias. Por outro lado, conseguimos captar situações como os diferentes ciclos do rio, ora com uma cor mais verde, e ora mais barrento e amarelo. Se temos um rio muito barrento, muito turvo, é porque, para além da chuva, está existindo muito barro à beira do rio. Isso significa que está havendo alguma espécie de interferência agressiva nesta mata ciliar”, analisa o diretor que pretende levar uma mensagem de proteção e preservação ambiental através do curta-metragem.  

Um dos momentos mais emocionantes de toda a gravação aconteceu nas horas derradeiras do set durante a cena em que as jovens personagens encontram a pista para levá-las até o dinossauro. As atrizes Fernanda Vitória, Luna Vitória, Maitê Batista, Giovana Damázio e Moana Damázio abraçaram o desafio da interpretação e tiveram uma iluminação ao improvisarem suas falas. “As meninas desenvolveram muito bem o diálogo e não foi necessária nenhuma interferência porque elas tinham participado da contação de história. Esse foi um ponto altíssimo de toda a filmagem. Como foi a última cena gravada, tudo fez sentido e as pessoas saíram do set preenchidas da verdadeira essência do filme, a busca pelas raízes ancestrais e o reconhecimento do próprio poder interior”, conclui o diretor.

 

Com informações da Assessoria de Comunicação do Curta Vitória a Minas

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